Le Fantôme du Hollandais Volant, George Grie
Um castelo que se ergue distinto
no alto de uma falésia à beira-mar,
levantado a tijolos, escórias e pedras,
aparentemente velho no seu ar.
Muitas são as paredes, portas e janelas
ocultas pelo denso musgo esverdeado
e pela complexa teia de grandes heras
que as cobrem e juncam o escudo enlevado.
Grande muralha o circunda a par do mar,
intencional tamanha barreira invencível
que só se de bom desejo for a descoberta
franqueia-se a passagem que atravessa.
Não esconde nenhuns tesouros antigos ou relíquias,
está só absorto, adormecido, ao abandono dos tempos
e as grandes vitórias que lembra do distante passado
são apenas derrotas sofridas e sangradas pelos ventos.
Os nobres que na imaginação ainda lá habitam
não se alimentam de carnes e vivem da escrita,
não fazem guerras, não usam armas, só cogitam,
escondendo-se da luz estelar como um eremita.
Escutam o mar que abaixo embate furioso
nas rochas que compõem o marítimo penedo,
mas por mais bravas que se refreguem as investidas,
as altas ondas erguidas vencem lentas no seu medo.
Esperam os grandes homens que a muralha desvaneça,
não que cobicem o que o castelo recôndito nada tem...
apenas porque incautos estranham a sua triste sentença
de mirar fixamente o horizonte, as terras d'Aquém e d'Além.
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